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Uma madeira de engenharia mais resistente que o aço — e com aparência de madeira nobre — está prestes a entrar no mercado. A startup norte-americana InventWood, spin-off da Universidade de Maryland, anunciou que iniciará a produção comercial da Superwood, um material de alta performance estrutural, resultado de anos de pesquisa e otimização em laboratório.
Conforme informações do site TechCrunch, a tecnologia foi desenvolvida pelo cientista de materiais Liangbing Hu, que conseguiu transformar madeira comum em um produto com 50% mais resistência à tração que o aço e uma relação resistência-peso até 10 vezes superior. O processo industrial desenvolvido pela InventWood trata a madeira com produtos químicos da indústria alimentícia e a comprime para multiplicar as ligações de hidrogênio entre as moléculas de celulose — o que confere ao material um ganho de resistência muito além da densidade.
Segundo o CEO da empresa, Alex Lau, a Superwood é também resistente ao fogo (Classificação Classe A), ao apodrecimento e a pragas. Com a adição de polímeros, pode ser estabilizada para uso externo, como telhados, decks, fachadas e revestimentos. O processo de compressão ainda intensifica a coloração natural da madeira, criando um acabamento visual semelhante a espécies tropicais nobres, como nogueira e ipê, sem necessidade de tingimento.
A Superwood é produzida a partir de madeira convencional, composta por celulose e lignina. A inovação está no fortalecimento da celulose nanocristalina, cuja resistência, segundo a InventWood, supera a da fibra de carbono. Ao modificar sua estrutura molecular e aplicar compressão intensa, a empresa conseguiu multiplicar a resistência mecânica da madeira, criando um novo material de engenharia com alto potencial para aplicações estruturais.
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O diferencial, segundo Lau, está nas ligações moleculares adicionais criadas durante o processo de fabricação: “Mesmo que você apenas quadruplicasse a densidade, o material acaba sendo cerca de dez vezes mais forte por causa das novas ligações formadas”.
Os primeiros usos da Superwood serão em fachadas de edifícios comerciais e residenciais de alto padrão, mas a meta da InventWood é aplicar o material também em estruturas de suporte, como vigas e colunas. “Noventa por cento do impacto de carbono nos edifícios vem do concreto e do aço utilizados na construção”, explicou Lau ao TechCrunch. Substituí-los por uma madeira de engenharia sustentável pode reduzir drasticamente as emissões da construção civil.
A empresa também planeja usar cavacos de madeira como insumo para produzir elementos estruturais de grande porte, com acabamento final e estética valorizada — tudo isso sem necessidade de pintura ou tratamentos adicionais, o que reduz custos e etapas no canteiro de obras.
Para dar escala à produção, a InventWood captou US$ 15 milhões na primeira fase de uma rodada de investimentos Série A. A iniciativa é liderada pela Grantham Foundation e conta com fundos como Baruch Future Ventures, Builders Vision e Muus Climate Partners, voltados à mitigação das mudanças climáticas por meio de soluções tecnológicas de baixo carbono.
Com essa nova geração de materiais de engenharia sustentáveis, a startup mira diretamente no futuro da construção civil: mais leve, eficiente e alinhada às exigências de neutralidade de carbono. E, com isso, a madeira pode voltar a ser protagonista — agora, com desempenho técnico superior ao dos metais.
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