China aposta na indústria brasileira com investimentos bilionários até 2032

Aportes bilionários miram energia limpa, mineração, semicondutores, mobilidade elétrica e biotecnologia

A China ampliou sua ofensiva econômica sobre o Brasil com um pacote de investimentos bilionários voltado, majoritariamente, para a indústria nacional. Segundo a CNN Brasil, os aportes chineses devem se estender até 2032 e concentram-se em áreas estratégicas como mobilidade elétrica, energia renovável, mineração, semicondutores, tecnologia e biotecnologia, evidenciando um novo ciclo de industrialização impulsionado pelo capital estrangeiro.

Parceiro comercial mais relevante do Brasil, a China responde hoje por 28% do valor exportado pelo país e por mais de 41% do superávit comercial brasileiro, conforme dados da ApexBrasil. No entanto, o movimento atual vai além da exportação de commodities: trata-se de um salto rumo à transformação produtiva e tecnológica.

Na indústria automotiva, a GWM vai investir R$ 6 bilhões entre 2027 e 2032 para expandir sua linha de produção no Brasil. O valor se soma aos R$ 4 bilhões já aplicados entre 2022 e 2025 na reativação da planta industrial de Iracemápolis (SP), fortalecendo a produção nacional de veículos eletrificados.

Na área de energia limpa, a Envision Energy destinará R$ 5 bilhões para implantar o primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina, no Rio de Janeiro. O complexo será voltado à produção de SAF (combustível sustentável de aviação), hidrogênio e amônia verdes. Já a CGN Energy vai investir R$ 3 bilhões em um hub de energia renovável no Piauí, com foco em geração e armazenamento de energia solar e eólica.

Da mineração à Inteligência artificial 

No campo da mineração, a Baiyin Nonferrous investiu R$ 2,4 bilhões na aquisição da mineradora Vale Verde, mirando a produção de metais estratégicos como cobre, chumbo e zinco — insumos vitais para a transição energética e a indústria eletroeletrônica.


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Outro destaque é o setor de semicondutores. A Longsys, por meio da subsidiária Zilia, anunciou R$ 650 milhões para ampliar fábricas em Atibaia (SP) e Manaus (AM). As unidades atuam no encapsulamento, teste e montagem de dispositivos eletrônicos com chips de memória DRAM e Flash.

A biotecnologia também entra no radar. O Instituto Brasil-China será criado a partir de uma parceria entre Eurofarma e Sinovac, e iniciativas como a cooperação entre Fiocruz e Biomm para produção nacional de insulina prometem fortalecer a base industrial farmacêutica brasileira.

Além disso, parcerias como a da Nortec Química com empresas chinesas (R$ 350 milhões) e os acordos da ABES com a ZGC para cooperação em inteligência artificial e infraestrutura de dados apontam para uma industrialização mais digital e conectada.

*Imagem de capa: Depositphotos.com